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As alianças desta eleição de 2018 vão contra a realidade que a população deseja, as agruras e tormentas que afligem o cotidiano dela. Nós todos queremos mudança de atitude e precisamos reinventar a política. Da forma como ela se encontra nos arranjos para a disputa ao governo do Estado, os nossos políticos com cargos ou aqueles que almejam poder, ignoraram solenemente os anseios das ruas.
E não são poucos, eleições complementares, como a do Estado do Tocantins, há cerca de 2 meses, mostram a repulsa dos cidadãos eleitores ao status quo reinante. Lá, os votos dos eleitores que não compareceram (abstenção), brancos e nulos somaram sonoros 49%. Foram ignorados, por ora.
É como se eles dissessem: chega de conchavos e arranjos duvidosos entre partidos diametralmente opostos na origem, forma de agir e corrente ideológica. Mesmo assim, os principais partidos em 2018, para os olhos da população, fizeram é barganha e negociatas para fechar suas alianças e candidaturas.
Em Mato Grosso, uma aliança entre o PFL/DEM conservador e latifundiário e o PDT progressista, de lutas populares, do campo democrático e popular era impossível. Aliás, ainda é.
E o que dizer da união dos “socialistas” (PPS e PSB) e mesmo o Solidariedade com o governador Pedro Taques, um reconhecido individualista e centralizador contrário às premissas coletivas do socialismo. “Socialistas”, diga-se, devem se esconder se for lembrado o tratamento desumano dispensado pela atual administração à saúde pública, para ficar em um exemplo.
O certo é que historicamente as cúpulas partidárias tomam suas decisões, fazem seus acordos para a política eleitoral de olho no tempo de televisão e rádio, em detrimento da demanda e reivindicação da população sem comida, sem saúde, sem escola decente e entregue aos bandidos quando se trata de segurança pública.
Mas, há um claro sinal, um grito às direções partidárias para eles pensarem e mudarem a postura antes de pedir voto e visitar os eleitores: a crescente e insistente declaração em pesquisas eleitorais das pessoas que vão anular ou votar em branco. É um alerta final, antes dos partidos sucumbirem e cavar sua própria cova.
Razão pela qual, reafirmo a coerência, abrindo mão da minha candidatura ao pleito eleitoral 2018. Pois, mantenho-me fiel às diretrizes e origem do campo popular do meu partido, o PDT.

JULIER SEBASTIÃO DA SILVA é advogado, foi procurador do estado e juiz federal.