O ano de 2014 ficará marcado na memória de muitos brasileiros como aquele que trouxe fatos que estarão para sempre nas páginas tristes da história brasileira. Muito de nós que vimos o Brasil tomar 7×1, jogando uma Copa do Mundo dentro de casa, certamente contaremos a nossos netos e bisnetos o tamanho do ‘vareio’ de bola que, pasmados, assistimos na TV. Também lembraremos que no mesmo ano, um candidato a presidência, talvez o mais simpático entre todos os envolvidos, faleceu de maneira trágica em um acidente de avião e que o próprio resultado da eleição presidencial quase foi totalmente revertido em virtude deste fato. Lembraremos ainda de um dos pleitos políticos onde o confronto dos candidatos em debates teve um nível extremamente baixo e onde um escândalo na maior empresa brasileira fez o ‘mensalão’ parecer fichinha. Ficará ainda um espaço na memória para relatar que foi sim um ano de carteira vazia, mas que em seu finalzinho foi o início de uma forte recuperação. Como depois de toda tempestade vem a calmaria, o ano que se aproxima se estrutura e forma no horizonte como uma bela ilha, enchendo os olhos de quem teve a sensação de navegar à deriva em 2014. A esperança de um futuro melhor vem também por uma sociedade, por meio do ingrediente ‘redes sociais’, que a cada dia está ganhando um pouco mais de coragem transformando uma revolta inerte em um ativismo, que se bem estruturado, pode fazer novas gerações mais conscientes politicamente do que a de agora. Este efeito em massa, obviamente vai respingar a qualquer momento com força em uma nova classe de representantes públicos e não só por uma questão de seleção, mas porque não há nada melhor para fazer político trabalhar sério do que quando ele sabe que do lado de fora do seu gabinete ou do seu parlamento tem cada vez mais gente querendo saber do resultado do que está sendo feito ali dentro. Em Mato Grosso, a perspectiva também não pode ser outra a não ser a de esperar dias melhores. Pedro Taques (PDT) é uma aposta que a ampla maioria dos eleitores do estado fez para que, no mínimo, o Governo do Estado volte a cumprir seus compromissos mais essenciais, como os acordados na área da saúde, educação e infraestrutura que foram todos simplesmente ignorados por Silval Barbosa (PMDB). O absurdo chegou ao ponto do Executivo Estadual não cumprir ordens judiciais para que fossem encontrados leitos para determinados pacientes, já que a administração entendia que era mais fácil pagar a multa do que remover este enfermo, por exemplo, para outro estado. Só por estes motivos, o clássico pensamento de que ‘não dá para ser pior’, faz todo sentido. Taques se mostra um homem sério e deve querer marcar ser governo com este rótulo. Em Rondonópolis é notável que o prefeito Percival Muniz (PPS) não consegue ser o mesmo gestor que revolucionou a cidade com grandes obras no início da década passada. Pagar a folha dos funcionários em dia e outros assuntos que deveriam ser rotineiros, tem roubado a atenção de um homem adepto de ações ousadas. Pensando assim, as justificativas do prefeito sobre a sua própria queda de rendimento faz sentido’: eu não mudei, mas está mais difícil ser prefeito porque ‘engessaram’ a administração’. A fala de Muniz não se refere apenas a erros de ex-gestores, mas das novas normativas que fazem um assunto simples como a deliberação de uma licença ou do processo burocrático de uma licitação demorar tempo demais para atender a urgência da necessidade popular. Em âmbito nacional, a presidenta Dilma Rousseff (PT) terá mais um ano para mostrar que o seu plano de governo contempla sim uma retomada do crescimento da economia e não só um modelo de divisão de renda e assistência social bem estruturada. O desafio não é pequeno, já que a inflação bate a porta e o poder de compra do brasileiro diminui assustadoramente. O salário mínimo de quase R$ 800, que poderia significar uma vida relativamente confortável até para uma família de classe média baixa em outros tempos, já não mais faz parte da realidade. Muita gente em Rondonópolis, por exemplo, paga isso de aluguel para morar em uma casa sem requinte algum. Os 12 meses que passaram foram sim de muitos abalos e de vacas magras, mas é também na dificuldade que se aprende a viver. A conta é simples, se a receita vem diminuindo, as despesas também têm de serem revistas e isto qualquer aprendiz de administrador sabe. O negócio agora é encher o peito de esperança e tomar a precaução como lema de vida, que há sim várias luzes e vários túneis.