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domingo, novembro 24, 2024

11 de agosto – DIA DO ESTUDANTE – será que há o que comemorar?

O “Dia do Estudante”, também conhecido como o “Dia dos Cursos Jurídicos”, inicialmente era uma data em que se comemorava o dia do estudante de direito. Hoje, por extensão, é apenas DIA DO ESTUDANTE , homenageando assim todos aqueles que estudam, o que aconteceu a partir de 1927.
A origem da efeméride reporta-se à instituição no Brasil, por D. Pedro I, em 11 de agosto de 1827, dos dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais: um em S. Paulo e outro em Olinda. Até então todos aqueles que pretendiam ampliar o seu entendimento no mundo das leis emigravam para Coimbra (Portugal) – a universidade mais próxima.
Na capital paulista, o curso foi acolhido pelos frades franciscanos do Convento São Francisco, uma construção em taipa que se reportava ao século XVII. Essa faculdade que até aos nossos dias continua no mesmo local – Largo de S. Francisco – passou à posteridade como “As arcadas de S. Francisco” alusão à majestosa entrada do prédio, construído nos anos 20 saído da prancheta de Ramos de Azevedo.
A faculdade do largo de S. Francisco ( ou apenas “Arcadas” ou “S. Francisco”) se tornou ao longo do tempo orgulho do ensino jurídico não só paulista quanto nacional. Seu “ Centro Acadêmico 11 de Agosto” foi o palco onde se escreveram muitas páginas da historia nacional, principalmente a Revolução Paulista de 32.
Dos bancos das “Arcadas” saíram políticos, escritores, artistas destacando-se nada menos do que 9 Presidentes da República e vários Governadores Estaduais de todo o Brasil. Muitos são os profissionais de outras áreas que também se orgulham de ostentar um diploma da Faculdade de Direito de S. Francisco.
Apenas como curiosidade: o dia 11 de agosto para os estudantes paulistas é conhecido como o “Dia do Pendura”. Era costume, e ainda o é, nessa data os estudantes frequentarem restaurantes, pedirem os pratos mais caros do cardápio, e simplesmente pendurarem a conta.
Há poucos dias vi pelas ruas de nossa cidade um movimento estudantil da EEMOP protestando contra a falta de professores nas salas de aula. Até me surpreendeu e me levou à evocação do passado. O estudante brasileiro sempre esteve engajado nos movimentos políticos, até mesmo com o sacrifício de vidas, tal como ocorreu em 1932 em S. Paulo quando quatro jovens universitários tombaram varados pelas balas da policia que dissolvia uma manifestação estudantil. Mesmo sob o regime militar os estudantes estiveram nas ruas em protesto, assim foi na ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, quando um estudante secundarista foi morto pelos soldados da ditadura. Assim foi em S. Paulo quando a UNE de José Serra e José Dirceu reuniu centenas de universitários na cidade de Ibiuna (SP) em um movimento dissolvido pela polícia política de Erasmo Dias.
O ultimo movimento que levou os estudantes às ruas foi o “caras pintadas” que de norte a sul pediu em praça pública o impechement de Collor. Daí por diante nunca mais se viram estudantes em protesto, em que pesem escândalos políticos tal qual o mensalão em 2005. Nem mesmo o recente “Ficha Limpa” em que se engajaram vários órgãos representativos da sociedade contou com a participação dos estudantes.
No contexto político em que vivemos há que se perguntar o que o que representa o Dia do Estudante. Qual é o conceito de “estudante” dos nossos dias. Nos tempos de globalização, nos tempos da internet, da cibernética, qual é o engajamento político do estudante atual? Os centros estudantis ( sé é que ainda existem nas escolas) as Unidades Estaduais de Estudantes o que fazem além de fornecer carteirinhas para ingresso gratuito?
O descaso do estudante pelo engajamento político está muito bem expresso pelos números há pouco dados a conhecer que mostram a queda do índice de jovens abaixo de 18 anos que são eleitores. Provavelmente faltou ao jovem a orientação na escola da importância do conceito de cidadania e cuja expressão maior é o voto. O estudante em seu todo está, infelizmente, totalmente alienado da política, inconsciente da sua responsabilidade de estudante do hoje, político do amanhã.
Essa alienação em que gravita o estudante é culpa principalmente das instituições, porque quando se vê um resultado do ENEM que não atingiu, na média geral a nota mínima (7, no caso) ser elogiado pelo próprio presidente da república que afirmou, textualmente, considerar-se satisfeito com os resultados, o que mais se pode esperar.
Há que se conscientizar o estudante, e aqui cabe uma parte dessa responsabilidade a nós homens de comunicação como formadores de opinião que somos, de que ele é, além de tudo, a base intelectual e admirável da qual irá “depender o progresso de uma estrutura que diariamente necessita de socorro, a que chamamos sociedade”.
Não há a se contestar que o destino da sociedade, do país, enfim do mundo, está nas mãos do estudante.
E essa conscientização cabe principalmente à sociedade como um todo, mas principalmente á escola.
J.V. Rodrigues
Da editoria

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