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quinta-feira, abril 25, 2024

Trânsito de Gaza

Acidentes tem de serem separados de ato ilegal. O primeiro é obra do acaso e uma triste realidade inerente a vida, o segundo é o descumprimento das normas vigentes dentro do país em que vivemos, devendo os responsáveis serem tratados como qualquer transgressor

As ruas de Rondonópolis não têm integrantes do grupo islâmico Hamas carregando foguetes e nem mísseis de Israel caindo em escolas, mas o cenário de agonia e de morte são tão assustadores quanto. Dificilmente o cidadão que tem de passar todo dia, especialmente pela região central de Rondonópolis, não se depara pelo menos uma vez por mês com acidentes de trânsito frutos de vários fatores, mas principalmente motivados pela imprudência de condutores e pela inexistência de uma política de mobilidade urbana bem estruturada que planeje investimento a curto, médio e longo prazo.
Há de se concordar que o trânsito abarrotado e acidentes não são condições inerentes apenas a Rondonópolis, toda cidade brasileira desenvolvida, com raríssimas exceções, diminuem o tempo de vida de motoristas e motoqueiros seja diretamente por um impacto em uma colisão, ou mesmo pelo estresse acumulado neste indivíduo no decorrer dos anos. Mas a cidade mais desenvolvida da região sul do rico estado de Mato Grosso tem uma característica um tanto quanto mais peculiar que é a grande quantidade de motoqueiros e sobretudo a ousadia destes no trânsito.
A chance de haver vítimas fatais quando um acidente de trânsito ocorre em zona urbana e uma moto é envolvida aumenta em 60%, segundo estudos da Ong Internacional GRSP (Global Road Safety Partnership). Rondonópolis possui o posto de estar entre as cinco cidades do país com a maior frota por habitante de motocicletas. Ocorre que o que seria uma saída para a locomoção rápida e a economia dos trabalhadores está se tornando uma arma contra a própria população, quando ousadamente motoqueiros furam sinal vermelho, fazem ultrapassagens em locais indevidos e andam em alta velocidade.
Pode se dizer que se reuniões apenas por si só resolvessem o problema do trânsito de nossa cidade, este já estaria com um patamar curitibano. No entanto, pouca coisa saiu do papel e entra prefeito e sai prefeito e ninguém consegue dar um jeito neste gargalo chamando quadrilátero central e vias de escoamento para os principais bairros. Uma saída pode ser em breve a inauguração dos chamados radares, mas eles devem contribuir apenas para redução da velocidade e das mortes, porém, ainda demonstra aspecto paliativo para a solução da mobilidade geral.
O prefeito Percival Muniz insiste que quer construir a chamada Avenida Beira Rio, esta sim com característica funcional de dividir o bolo de carros e veículos para uma outra artéria. No entanto, ainda aguarda a formalização de um contrato com o Governo Federal para começar as obras. Ainda sobre a fiscalização eletrônica, o receio fica por conta das chamadas motocicletas ‘cabritadas’, veículos sem placa e sem identificação que não traria prejuízos a seu irresponsável condutor caso ele passe pelos radares acima da velocidade. O Município se articula para ceder as polícias uma área para servir pátio de recebimento de veículos apreendidos, o que daria a PM, por exemplo, a chance de aumentar as blitzes e consecutivamente as retenções de carros e motos irregulares. Mas uma área só apenas não deve resolver.
Na última semana foi a vez de um condutor, de apenas 16 anos, tirar a vida de um motociclista que se dirigia ao trabalho na Cervejaria Petrópolis, uma pena, uma lástima, um desespero para a família. Agora, qual punição merece não o menor, mas o inconsequente do irresponsável que deixou um desabilitado dirigir este automóvel? Acidentes tem de serem separados de ato ilegal. O primeiro é obra do acaso e uma triste realidade inerente a vida, o segundo é o descumprimento das normas vigentes dentro do país em que vivemos, devendo os responsáveis serem tratados como qualquer transgressor. Se a impunidade continuar chamando tudo de acidente vai continuar morrendo gente atrás de gente.

Da Redação

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