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sexta-feira, abril 26, 2024

A ‘mudança’ está na mão de quem?

“Friamente falando, as ‘eleições’ brasileiras são definidas muito antes de qualquer urna eletrônica desembarcar nos colégios de votação. As convenções partidárias, os conchavos políticos, o poderio econômico que cada pré-candidato apresenta nas mesas de negociações e outros fatores mais grossos, como as chantagens pessoais, são os pontos que definem os rumos do país, cidades e estados brasileiros”
Muita coisa se propaga a ouvidos e olhos inocentes que apenas ouvem e assistem opiniões acaloradas sobre política em ditos programas de vida inteligente, até na madrugada da TV, sobre a arma que cada cidadão tem em seu punho para mudar o país democrático a que vivemos que se materializa no voto. Atores, cantores e outras pessoas até aparentemente esclarecidas defendem que temos que saber escolher ou então serão mais quatro anos de martírio, corrupção e pouca evolução do país. Mas até que ponto o João, que é corretor de imóveis em uma cidade do interior, ou a Maria que vende pastel na feira tem a capacidade de escolher quem eles queriam governando?
Friamente falando, as ‘eleições’ brasileiras são definidas muito antes de qualquer urna eletrônica desembarcar nos colégios de votação. As convenções partidárias, os conchavos políticos, o poderio econômico que cada pré-candidato apresenta nas mesas de negociações e outros fatores mais grossos, como as chantagens pessoais, são os pontos que definem os rumos do país, cidades e estados brasileiros. Ou então dá para se dizer que em uma cidade onde existem 100 mil eleitores e apenas dois candidatos a prefeitos foram apresentados pelos partidos políticos, a sociedade é quem manda?
A saída, segundo alguns, para este tipo de caso seria mais da metade dos votantes anular seu voto, o que obrigaria legalmente a realização de uma nova eleição, de acordo com a lei, o que é mero senso comum. De acordo com o artigo 224 do Código Eleitoral realmente “Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias”. Acontece que a ementa seguinte deixa claro quem decidirá por um novo pleito: “Para fins de aplicação do art. 224 do Código Eleitoral, não se somam aos votos anulados em decorrência da prática de captação ilícita de sufrágio, os votos nulos por manifestação apolítica de eleitores. Levam-se em consideração somente os votos atribuídos ao candidato eleito”.
Para resumir, até esta pseudo ‘arma’ que já era utópica pela incapacidade de aglutinação e manifestação ideológica de uma grande massa como esta no Brasil, não se trata da nulidade depositada nas urnas, mas no que for eventualmente declarado nulo em processo julgado pela Justiça Eleitoral. A anunciada reforma política pela presidência da república, em meio as manifestações populares em 2013, como era de se esperar não passou de manobra publicitária para desviar o foco. Dilma sabe que hoje é quase impossível tirar o poder real de decisão sobre os rumos da política nacional das mãos dos grandes caciques dos principais partidos existentes. Há alguns mais pessimistas que chegam a dizer: “gente totalmente de bem jamais vai concorrer a uma presidência da república no Brasil, até porque não conseguirá ascender a escada política sem falar ‘amém’ a coisas que gente totalmente de bem não compactua”, e os revoltados que dizem isto estão com muita razão.
A população não tem escolhido seus representantes, mas tem sido direcionada a escolher quem já foi previamente filtrado por alguns. Este é o papel desempenhado pelos partidos políticos já há muitos anos no Brasil. A saída seria o povo se filiar e participar das discussões embrionárias e movimentar já dentro dos diretórios a vontade popular, mas há um problema: a maioria está enojada de política e jamais aceitaria a um convite, mesmo feito por um melhor amigo, a participar de reuniões que tratassem do tema. Mas o que se faz então, aceitamos esta condição como inevitável?
Não, pois como diria o poeta: o que torna algo impossível é o enfraquecimento diante do que é apenas difícil. Os bem intencionados e especialmente os donos dos cargos eletivos, mesmo que sejam minoria, têm se juntar e criar um novo estereótipo de bom político, porque hoje nos bastidores isto é sinônimo daquele que com vaselina jurídica sai bem de falcatruas e divide com falsa honradez entre a gangue a propina maldita. Muita coisa já morreu, mas a esperança ainda não, embora esteja perto.
Da Redação

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