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quarta-feira, abril 24, 2024

“Com muitos namoros que deram errado no decorrer da vida, o cidadão atual não titubeia em terminar outro rapidamente no primeiro obstáculo“

O próximo dia 12 de junho é o dia dos namorados, mas será que esta data significa mais alguma coisa? Aliás, será que hoje existem namoros? Para muitos especialistas, a maioria das relações, especialmente com homem e mulher envolvidos, se baseia hoje em dia na comodidade e seus finais, na maioria das vezes precoce, ocorre basicamente pelo excesso de intolerância e individualismo exacerbado do ser humano atual. Ou seja, se consigo me virar sozinho na vida, porque tenho que aturar os defeitos do outro?
Outra nova realidade que faz parte do dia a dia dos relacionamentos atuais é pular a etapa de namoro, ou então nem chegar até ela. Isto se explica pela sensação de liberdade que vários jovens contemporâneos não aceitam perder. Mesmo encontrando o parceiro frequentemente, os dois decidem por não ter nenhum tipo de compromisso firmado, que requeira, por exemplo, ter de dar explicações sobre idas e vindas. Já quando se passa a época das várias festas, tanto homens como mulheres ainda procuram uma pessoa para tentar algo mais sério. O que ocorre é que quando há um bom entendimento nesta etapa da vida, está crescendo o número de casais que já decidem por morar juntos rapidamente, antes de se casar. Desta forma, certamente tem um relacionamento muito mais íntimo que um namoro, estando tão próximos.
O mundo comercial, obviamente, não quer perder este nicho de mercado que é a data do dia dos namorados, mesmo com a queda da incidência deste tipo de relacionamento. A maioria das propagandas lançadas até agora para o dia 12 de junho, tenta atrelar até mesmo casados a presentear o parceiro, com o slogan de serem ‘eternos namorados’. Para alguns mais conservadores, a não existência do namoro na estruturação de um relacionamento deixa uma lacuna aberta. Para casais mais antigos, daqueles que estão juntos há mais de 30 anos, o namoro é a fase da descoberta, quando se tem hora marcada para buscar e levar a namorada na casa dos pais e quando pouco a pouco um vai conhecendo o outro para saber se existem similaridades de pensamentos suficientes para buscar uma vida a dois. Ir direto para uma divisão de lar é perigoso, na visão dos tradicionais, o que explicaria o fato de ter tanta gente se separando.
Um outro grupo de pessoas explica o isolamento do ser humano, o crescimento do número de gente que mora sozinha e o namoro fora de moda pelo esfriamento do amor. Este termo, inclusive, além de ser bíblico, citado no livro de Mateus, é também técnico e científico. Ele é usado por vários psicólogos para tratar de condutas mais defensivas no relacionamento conjugal. O romantismo no ser humano sempre foi a chama que provocada entre dois fomenta a troca de energia entre os namorados. O brasileiro, por mais que seja culturalmente mais ativo carinhosamente no trato com o outro, passou a ser frio como um tradicional dinamarquês. Com muitos namoros que deram errado no decorrer da vida, o cidadão atual não titubeia em terminar outro rapidamente no primeiro obstáculo.
A mídia talvez também tenha sua parcela de culpa nisso tudo e até mesmo as atuais redes sociais. Com o bordão do “a oportunidade faz o ladrão”, os facebooks da vida tem sido uma tentação a mais na vida de homens e mulheres que, seduzidos por terceiros, são estimulados e notoriamente tem traído muito mais seus parceiros depois da chegada do mundo virtual. O respeito passou a ser um artigo que talvez ainda exista quando esteja se falando de casamento, já o namoro em si, dos poucos que ainda restam, não consegue ter a força que outrora tinha para abalar a consciência do indivíduo com tamanha força que o intimide a buscar relações com outra pessoa, ainda que tenha uma aliança de compromisso no dedo.
A expectativa daqui para frente é que o dinamismo do relacionamento amoroso entre seres humanos continue promovendo novas regras. O namoro, quem sabe, talvez suma do mapa. O casamento vire, talvez, coisa de velho do interior. Bodas de ouro seja algo tão raro de ouvir alguém falar daqui cem anos, como é hoje o termo carro de boi. Filhos quando buscarem saber da história de quando o pai conheceu sua mãe saberão que foi em uma balada, onde os dois estavam bêbados e nunca mais se falaram direito, a não ser por brigas sobre pensão alimentícia. De maneira geral, o ser humano caminha para cada dia mais saber o que quer e cada vez menos ter noção do que precisa.
Da Redação

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