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quinta-feira, abril 25, 2024

"Saudades da professorinha que nos ensinou o beabá…"

Em uma das poesias de Casemiro de Abreu lemos
"Oh que saudades que eu tenho
da aurora da minha vida
da minha infância querida
que aos anos não trazem mais…"
E à "infância querida" cantada em verso pelo poeta podemos acrescentar a poesia cantada em música por Roberto Carlos: "…saudades da professorinha que nos ensinou o beabá" .Cada um de nós guarda a memória da nossa primeira professora, de outros professores(as) que passaram pela nossa vida.
Nesse 15 de outubro em que se celebra o"Dia do Professor", que a cada ano é festejado nas escolas com gratas homenagens aos mestres do ensino, nesse ano, infelizmente essa festa não aconteceu. Os Professores de todo país está de braços cruzados, como única maneira de chamar a atenção das autoridades constituídas para o descaso a questão relegados. Eles não só reivindicam melhores salários, mas principalmente condições dignas de trabalho. Aos nossos dias o professor é um verdadeiro herói que dá tudo de si pela causa da educação, sem merecer a contrapartida das autoridades.
Os senhores responsáveis pelos destinos da nação desde o menor dos municípios às grandes metrópoles, no geral relegam a educação a segundo plano. Faça-se justiça a muitos prefeitos que até se esforçam por colocar o ensino, a educação escolar em seu merecido lugar, mas esbarram no poder mais alto. Há governadores que tem sua preocupação voltada para "obras faraônicas", para verdadeiros "elefantes brancos" nos estados como é o caso obras para a Copa 2014 e deixam de lado a base da vida da "criança do hoje que será o cidadão do futuro". O próprio governador do Rio de Janeiro, quando do início das obras da copa chegou citar que diminuiria os investimentos na educação e na saúde, para atender aos insumos necessários para que o seu estado não "fizesse feio" em 2014.
O Governo Federal enviou proposta ao Congresso para que os recursos do "pré sal" sejam canalizados para a educação. Mas quando? daqui a 5,10,15 anos? O"pré sal' jaz lá nas profundezes do oceano e ninguém sabe quando começará a gerar recursos, como bem se expressava da tribuna do Senado no último dia 15 o Senador Aloísio Nunes. O Governo, se realmente estivesse preocupado com a educação poderia, por exemplo designar 5% (apenas 5%) dos gastos públicos para a educação e já seria um bom alento. Câmara e Senado, nos últimos dias vêm dizendo aos quatro ventos que irão cobrar a restituição do dinheiro (e olha que são milhões) pagos indevidamente com os super-salários dos seus empregados. Mas nenhuma palavra sobre qual será o destino dado a essa dinheirama. Não poderias er para a educação? Ou será que irá financiar campanhas políticas? afinal 2014 será ano de eleições. Sabe-se que dinheiro do tráfico e da corrupção vez por outra são recuperados nos "paraísos fiscais" mas não se sabe no bolso de quem cai. Não poderia ser destinado também à educação?
Todo cidadão, desde o semi-alfabetizado ao mais letrado, aos luminares das ciências, têm o professor como um marco da sua vida.
"Non scola sed vita discimus" – aprendermos para a vida e não para a escola" Este princípio enunciado por Sêneca, o filósofo Romano (Sec IV a.C) deveria ser norteador da educação. Durante muitos anos em nosso país a preocupação dos mestres nas salas de aula foi ensinar para a vida. Assim era na minha época de estudante e no meu tempo de professor.
Entretanto, nos "anos de chumbo" do regime militar a educação, infelizmente, entrou em um processo de decadência, principalmente pela perseguição a professores, tanto nas universidades, quanto nos escalões inferiores da educação.
O resultado, como um efeito dominó, vem se repetindo ainda aos nossos dias, pela ineficiência dos mestres que ministram a educação, não por culpa deles, propriamente, mas do próprio sistema que,na sequência, pouco se preocupou com a formação pedagógica nas salas de aula.
Na era da informática, na era da tecnologia, o Brasil não acompanha a evolução. E mais uma vez dizemos que a culpa não pode ser atribuída ao professorado mas ao próprio sistema.
O descaso do poder público com a educação é tema frequente de matérias jornalísticas que mostram, principalmente nas regiões mais carentes, salas de ala a céu aberto, à sombra de árvores, em barracas cobertas de sapé, crianças que percorrem distâncias quilométricas a pé para chegar à sala de aula
O ex-presidente Lula alardeou como uma das metas principais do seu governo o aumento dos alunos nas salas de aula, a proliferação de instituições de ensino superior. Há que se considerar, porém, que a "educação Lula" primou pela quantidade, em detrimento da qualidade. E o resultado está aí: o atual ministro da educação, o petista Mercadante no ano passado fechou dezenas de escolas superiores que não reuniam os requisitos mínimos para o seu funcionamento. Louve-se a ação do ministro que encara educação com responsabilidade.
Na formação de advogados a cada ano tem sido cada vez mais desastroso o resultado dos exames da OAB onde o índice de aprovados é o mínimo que se possa esperar, fato aliás que acontece também no nosso estado. As provas de avaliação do ensino médio também atingem índice indesejáveis Na medicina, já em 2007, em entrevista à revista IstoÉ o professor de medicina Dr.Adib Jatene afirmava que "muitos pacientes que chegam aos prontos-socorros morrem por ineficiência de plantonistas que não estão aptos a diagnosticar os sintomas de um infarto". E hoje seis anos após o fato ainda se repete por esse Brasil afora. E é por essa razão que o Conselho nacional de Medicina cogita implantar exames similares aos da O A B para os recém-formados em medicina.
Diante da baixa qualidade do ensino brasileiro, impõem-se medidas fortes para corrigir os defeitos, corrigir as falhas na educação, para que, em um futuro não muito distante tenhamos um ensino de qualidade que forme brasileiros para a vida e não apenas para a escola de má qualidade. A propósito da baixa qualidade do nosso ensino o Sen. Pedro Taques dizia, há poucos dias no Senado, repetindo Paulo Freire que "os pais querem bons professores para os seus filhos, mas não os querem professores.
No meu tempo de aluno e posteriormente de professor, o mestre era respeitado. Os alunos o aguardavam na sala de aula em completo silêncio e se postavam de pé à sua entrada. Durante a aula ouvia-se apenas a voz do professor e do aluno arguido. Os pais mantinham contato com os professores e os respeitavam. Aos nossos dias a sala de aula, para alguns professores é um "verdadeiro martírio". Se um aluno recebe uma nota baixa revolta-se contra o professor e não são raras as agressões físicas. Há casos em que até pais têm agredido professores por ter dado ao seu filho a merecida nota abaixo da média. O professor não mais tem autoridade para por um aluno fora da sala de aula ou o suspender da frequência, por alguns dias como castigo. Se o fizer está arriscando a sua integridade física diante do pai ou mãe do aluno faltoso. E tudo isso por culpa do próprio sistema educacional que tirou ao professor a sua autoridade.
Deveria ser um orgulho e um exemplo para o governo brasileiro que nos maiores centros de pesquisas médicas e cientificas do mundo sempre há a presença de um brasileiro e que esse exemplo se multiplique. Mas para que isso aconteça e necessário começar desde os bancos escolares onde se ministram as primeiras letras com professores à altura de realmente "ensinar para a vida e não somente para a escola" ou por vezes nem isso.
Nós da redação de "Folha Regional", alunos que fomos de outros tempos, somos gratos aos nossos professores que nos ministraram o conhecimento que nos permitiu chegar à nossa profissão. Nessa data consagrada ao professor lhe rendemos a nossa homenagem e repetimos com o cantor: "ah! que saudades da professorinha que nos ensinou o beabá…"
J. V. Rodrigues

"A educação de qualidade tem que ser prioridade de nossas autoridades"

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