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sexta-feira, abril 26, 2024

População passiva – corrupção ativa (edioial)

POPULAÇÃO PASSIVA – CORRUPÇÃO ATIVA

O título acima estava escrito em um das tantas faixas portadas pelos manifestantes dos movimentos que arregimentaram milhares de brasileiros por todo o território nacional, desde as capitais às pequenas cidades amazônidas e nordestinas noss últimos dias.
O movimento teve início em S.Paulo, tendo como estopim que o deflagrou por todo o país protestos contra o aumento das tarifas dos transportes públicos. A sua liderança é do "Movimento pelo passe livre" (MPL). Esse movimento nasceu em 2005, durante o Forum Social Mundial de Porto Alegre. Dizendo-se independente de partidos politicos, embora escordo em alguns de esquerda, esse movimento se mantem organizado através das redes sociais na internet e alguns dos seus asseclas defendem princípios anarquistas, portanto, antidemocráticos. Sua principa bandeira é "o transporte público gratuito e de qualidade para toda a população". Defende a migração do sistema de transporte “privado” para um sistema gerido diretamente pelo Estado, com a garantia de acesso universal a qualquer cidadão, por meio do “passe livre” – o fim de cobrança de tarifa. Dizem eles que tal como a saúde e a educação são direitos do cidadão e deveres do Estado, assim deve ser o transporte público.
Convenhamos que essa idéia é meramente utópica. Até mesmo na URSS onde estive em 1962, portanto, em pleno regime comunista, pagei minhas passagens de metrô e de ônibus como o fazia qualquer cidadão russo.
De onde imaginam esses jovens mal-informados que vem o dinheiro que financia o sistema público? Imaginam, talvez, que basta acionar as máquinas da Casa da Moeda?
Todos nós brasileiros temos a consciência de que vivemos em um "País Partido". De um lado está o Brasil dos que produzem e trabalham de 1º de janeiroa 31 de maio única e exclusivamente para pagar impostos… e do outro o Brasil dos que sugam as "tetas do Estado", recebendo múltiplas e vitálícias aposentadorias e ainda têm a cara de pau de discutir o rombo da Previdência. O Brasil da corrupção, do nepotismo, da promiscuidade. O Brasil político que forma quadrilhas nas altas esferas, para saquear o erário público através de licitações fraudulentas. O Brasil da desmoralização dos sindicatos. "A casta superior do "País Partido" insiste em ignorar o sentimento de vulnerabilidade da população assalariada". E aqueles jovems do MPL têm essa consciência? ou fingem ignorá-la, escudados em interesses escusos?
O movimento levado às ruas fez o Brasil acordar. Como bem se expressou a jornalista Ruth Aquino, da revista Época, em sua coluna:"Até demorou. Não se dizia que os brasileiros eram passivos demais, sem consciência política? Um povo inebriado por futebol, carnaval e cerveja, que só se aglomerava em show, blocos e passeatas gay ou evangélicas? Agora, uma fagulha, o aumento das tarifas de ônibus, incendiou multidões. São especialmente jovens, como em qualquer lugar do mundo".
Na última terça-feira o Ministro Gilberto Carvalho dizia que "o governo estava sem ententer o que estava acontecendo". Pouco depois, no mesmo dia, a Presidente Dilma, em um discurso a classes emppresariais dizia em alto e bom som diante das câmeras de TV que "estava acontecendo um movimento em que o povo brasileiro externava o seu descontentamento com a corrupção, com o mal uso do dinheiro público, com os altos juros, com a ameaça de volta da inflação ". Olha aí a falta de sintonia do poder maior da República: o Ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência que "não entendia o que acontecia" e a Sra. Prsidente traduzindo exatamente o anseio popular com as manifestaçoes de protesto.
Da tribuna do Senado, na mesma terça-feira o Senador Inácio Arruda (PCdoB), da base do governo,, afirmava em contundente discurso que o povo brasileiro estava dizendo um basta ao mal uso do dinheiro público que até o presente dispendeu nada mais do que R$28 bilhões com a Copa do Mundo, está com a inflação saindo do controle, está aumentando os juros do Banco Central que irão fatalmente pesar no bolso do consumidor, que os juros da dívida pública já orçam pela casa dos R$30 bilhões. Dizia o Senador que o povo brasileiro acordou e não mais tolera o estado de coisas em que se encontra o país. Reivindicava dos seus pares posições claras para a solução desses problemas, acenado para a necessidade de uma reforma política. Fazendo coro ao Senador, na Câmara, o Deptado Fontana, lider do Governo na Casa discursava no mesmo tom.
Se regredirmos na História vamos constatar que inúmeros foram os movimentos populares contra os desmandos do poder público. No Brasil Imperial tvemos o movimento do Quilombo dosPalmares, tivemos a "Guerra dos Emboabas", tivemos a "Guerra dos Farrapos", só para recrdarmos alguns.
Mas voltemos ao Brasil atual: sem esquecer o Movimento Constitucionalista de 1932 em S.Paulo, vamos nos ater aos últimos 50 anos: no dia 13 de março d 1964 o Presidente João Goulart, em um comício que passou à história como o "Comício da Central do Brasil" prometeu Reformas de Base que iam desde a área administrativa à reforma agrária, passando prlos setores juridico e econômico. Essas pretendidas reformas feriam os interesses das classes média e alta, já que haveria distribuição de bens e terras, que em muito desagradava os setores sociais de elite.
Grupos sociais integrados pelo o clero, as famílias e os setores políticos mais conservadores que viam no Governo Goulart um viés comunista, se organizaram em marchas, sob o pomposo nome de "Marcha da Familia com Deus pela Liberdade" levando às ruas mais de um milhão de pessoas, no intuito de derrubar o presidente João Goulart A pririmeira marcha ocorreu em S.Paulo no dia 19 de março, dia dedicado à São José, padroeiro das famílias. Registrou-se uma participação da ordem de de 500 mil pessoas organizada pela Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), da União Cívica Feminina, da Fraterna Amizade Urbana e Rural, entre outros grupos. Na ocasião, foi distribuído o Manifesto ao povo do Brasil, pedindo o afastamento do presidente João Goulart.
Em 31 de março o movimento revolucionário civil organizado pelos governadores Adhemar de Barros (SP), Magalhães Pinto(MG) e CarlosLacerda(RJ) depuzeram o Presidnte Goulart, entregando o poder ns mãos dos militares que trairam o movimento civil, descumprindo o acordo de eleições majoritárias em 1965 e levando o país a 20 anos de dtadura.
Em 1983, em pleno regime militar o povo brasileiro foi às ruas na memorável campanha das DIRETAS JÁ, cuja origem foi a emenda constitucional proposta pelo nosso Deputado Dante de Oliveira (de saudosa memória).
O movimento levou o povo brasileiro às ruas de norte a sul, de leste a oeste, percorrendo todas as capitais, reuindo a classe política representada por Ulysses Guimarães,Tancredo Neves, Theotônio Vilela, Mário Covas, e outros mais tais como Fernando Henrque Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Aderiram ao movimento intelectuais, jornalistas, atores, cantores, levando milhões de brasileiros cujo grito de "basta à ditadura" estava, de há muito, sufocado em suas gargantas.
E mais uma vez o povo brasileiro triunfou. "As Diretas Já" não passaram no Congresso, mas em 1985, em eleições indiretas era eleito Tancredo Neves e uma pá de cal sepultou 20 anos de regime de excessão sob o poder militar.
Em 1982, , o jovem paraibano, hoje Senador, Lindbergh Farias era presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e liderava os caras-pintadas em manifestações, por todo País, pela derrubada do ex-presidente Fernando Collor, sob cujo governo pesavam denûncias de corrupção.
O movimento "incendiou" o país e o resultado mais uma vez foi a vitória do povo que foi às ruas: o Presidente Collor, após o impeachmement decretado pelo Congresso, embora tenha renunciado antes, teve seu mandato cassado.
Agora o povo está nas ruas. A reedução no preço das passagens nos transportes urbanos que já atinge todo o país foi só o começo. O grito contra a corrupção, a cobrança da prestação de contas dos R$28 bilhões gastos até agora com a realização da Copa do Mundo, com licitações que suscitam dúvidas estão na boca do povo. O Governo tem toda essa dinheirama para gastar com uma Copa que não trará um centavo de retorno para o bolso do povo, pois que toda a renda dos jogos, por uma benesse do ex-presidente Lula, será, toda ela, da FIFA que foi isentada do pagamento de tributos aos cofres públicos. Se os impostos normalmente incidentes sobre os ingressos em nossos estadios, quando os jogos são nacionais, incidicem sobre a FIFA certamente haveria mais dinheiro para a saúde, cujos, hospitais públcos onde parturientes dâo á luz em banheiros infectos e imundos estão sucateados; para a educação onde escolas estão, literalmente, caindo aos pedaços, ameaçando a integridade física de alunos e professores, poderiam ser reformadas. As nossas estradas que, por intrafegáveis, estão causando prejuizos ao agronegócio que está tendo sérias dificuldades para escoar a sua produção, podriam ser recapeadas. Mas o Sr. Blather, prsidente da FIFA, diante das manifestaçoes dos últimos dias afirmou diante dos microfones das emissoras de TV que "o futebol é mais importante do que a insatisfação do povo brasileiro". E é ainda por sua determinaçã que o povo que protesta contra a Copa não pode se aproximar a menos de 3 km dos estádios. E a polícia cumpre rigorosamente e até com violência essa detrminação. Fosse o presidente da CBF interferir dessa forma na Suissa (pátria do Sr Blather) e seria declarado "persona non grata" e certamente convdado a deixar o país. Mas, enfim estamos no Brasil omde muitas vezes nossos dirigentes se transformam em "vaquinhas de presépio". O povo brasieiro quando resolve protestar, nem mesmo as balas de borracha e as bombas de efeito moral são suficientes para o deter.
J.V.Rodrigues

"Acorda, Brasil… mostra a tua cara…"

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