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quinta-feira, abril 25, 2024

A mulher no contexto histórico de Rondonópolis

Lá pelos fins do século XIX eram senhores dessas paragens os índios Bororos. Quando, no início do século passado essas terras começaram a ser visitadas pelos primeiros aventureiros que por aqui buscavam as riquezas naturais, foi natural a hostilidade dos silvícolas, donos absolutos da terra. Não foram poucos s embates entre tropas militares e índios.

Regista a história que por essa época uma índia aculturada ofereceu-se ao comandante do destacamento militar por nome Tenente Duarte para dialoga com o chefe da sua etnia – o cacique da tribo que habitava à margem oposta do rio “Poguba”, hoje Rio vermelho. Atravessado o curso d'agua, tempo depois a jovem índia voltou em companhia do “seu” cacique que apertou a mão do tenente,selando assim a paz entre militares e índios. Essa primeira mulher que pacificou os beligerantes (militares e índios) tinha por nome ROSA. Aos nossos dias é conhecida e homenageada como ROSA BORORO.

Daí por diante iniciou-se a colonização dessas terras que, em 1915, quando da promulgação do decreto 395 que designava 2.000 hectares de terras para atividade agrícola, por aqui já habitavam 70 famílias, oriundas, principalmente de Cuiabá e do viznho estado de Goiás.

Assim, já desde prístinos tempos a mulher, que acompanhava seu marido em todas as ides, esteve presente na colonização das terras rondonopolitanas. A mulher que cuidava dos afazeres domésticos também ostentava as mãos calejadas pelo cabo do machado ou da enxada, ao participar juntamente com o marido do desbravamento do cerrado para o cultivo que lhes asseguraria, com os “frutos da terra”a alimentação e o sustento familiar.

Foi, porém, a partir principalmente da década de 40, com a famosa e nem sempre bem sucedida “Marcha para o Oeste” do presidente Getúlio Vargas que o êxodo de brasileiros vindos de todos os rincões desse imenso Brasil buscava melhores dias.

A predominância era de nordestinos, principalmente baianos fugitivos do flagelo da seca que assolava seu torrão natal. Por aqui chegavam a pé ou a cavalo, enfrentando léguas e léguas de distância no sonho de um “eldorado” que não encontravam tal qual lhes fora pintado. E em todas essas expedições a mulher estava sempre presente. Era ela, por muitas vezes, o incentivo aos seus maridos para “uma vez aqui, seguir em frente… não desistir”. Não restam dúvidas que o papel da mulher foi fundamental no desbravamento do cerrado mato-grossense, principalmente nessa região onde hoje se ergue, “graciosa e majestosa” a nossa Rondonópolis, a terceira cidade do Estado que polariza em seu entorno mais 18 municípios.

Dentre quele que chegaram ainda nos anos 30. uma figura fez história e que passou à posteridade sob a alcunha de “Seu João Baiano” e que por aqui aportou em 1936. João Antônio Fagundes – o seu João Baiano – poucos anos após sua chegada contraiu matrimônio com a Sra. Minervina Pereira que foi sua companheira de todas as horas.

Em janeiro de 1940 fixava-se ás margens do Rio Vermelho, onde hoje se ergue o “casario” e o “shopping popular”, porta de entrada que era para o povoado, o Sr, Moisés Cury que na companhia de sua esposa Da. Terezinha tocava o seu comércio e dava guarida ao viajante recém-chegado, cansado e faminto de longa viagem que ali encontrava um prato de comida e um local para armar sua rede para o merecido descanso.

Em 1948 chegava a Rondonópolis a jovem Elby Milhomem que alguns anos após contrairia matrimônio com Gonçalo Valentim Figueiredo constituindo uma das famílias tradicionais de nossa cidade. Elby deu sua preciosa contribuição ao desenvolvimento educativo e cultural rondonopolitano, exercendo o magistério por nada menos do que 40 anos. Trabalhou não só na sala de aula, mas também incentivou seus alunos ao esporte e ao teatro.

Em maio 1951 mais uma filha de terras baianas chegava a Rondonópolis, acompanhada de seus pais. Era a jovem Arolda Dueti. Entre suas primeiras atividades destaca-se o magistério, inicialmente com apenas 3 crianças que em seis meses já eram 70. Arolda denominou sua escola de “Curso particular Nossa Senhora das Graças”. Posteriormente exerceu o magistério no Colégio Sagrado Coração de Jesus e foi professora e diretora da EEMOP. Dentre seus primeiros alunos estão nomes que hoje se destacam na sociedade rondonopolitana,entre eles Dr. Gastão Matos, Dr.Hildebrando Amaral, o poeta e escritor Dr. Ailon do Carmo.

Rondonópolis, constituída município em 1953, já em sua terceira legislatura registra a participação da mulher no exercício político na pessoa de Elza de Oliveira, a primeira mulher a ter assento na câmara municipal rondonopolitana. Elza foi também a primeira miss a representar a beleza da mulher de Rondonópolis na concurso promovido pelo Maestro Marinho Franco sob a denominação de “Rainha do Algodão”. Na mesma legislatura assumia também a professora Arolda Dueti Silva na suplência de Antônio Finazzi. A mulher voltou à vereança em 1983 com duas representantes Amélia Augusta Stefanni e Maria Niuza de Lima Faria..

Em 1989 mais uma vez a mulher marcou presença na vereança rondonopolitana com a eleição de Marlene Silva de Oliveira Santos. Em 1997 elege-se Luciene Soares de Lima.. Em 2001 Vilma Moreira era a representante feminina na Câmara Municipal, e que, posteriormente assumiu como Deputada Estadual em 2008. Primeira representante da raça negra a ter assento na Assembleia Legislativa. Vlma Moreira, rondonopolitana por opção e de coração, é uma histórica lutadora das causas populares. Professora da rede pública estadual, ela foi presidente do Sindicato dos Professores e Servidores Públicos da Região Sul de Mato Grosso. Vilma também foi dirigente comunitária, tendo atuado como presidente da Associação de Moradores de seu bairro em Rondonópolis, o conjunto Habitacional São José. E é ainda uma histórica militante do Partido Socialista Brasileiro em Rondonópolis.

É nosso propósito homenagear nessa edição comemorativa ao 59º aniversário de nossa querida cidade a MULLHER RONDONOPOLITANA em todos os segmentos sociais: desde humildes e desconhecidas donas-de-casa a empregadas domésticas, copeiras e faxineiras; passando pelas empresárias, comerciantes, executivas, profissionais liberais: advogadas, médicas, odontólogas, contadoras. Não podem ser esquecidas as professoras, as enfermeiras, assistentes e auxiliares de enfermagem e agentes de saúde; as comerciárias, recepcionistas, secretárias, balconistas e caixas; as garçonetes e cozinheiras dos restaurantes, bares e lanchonetes; as cantoras, as atrizes e as músicas;as frentistas dos postos de combustíveis e as caminhoneiras que ao volante de suas possantes carretas trafegam por esse imenso Brasil levando o progresso a todo o país e aos portos por onde se escoa a riqueza produzida em nossa cidade que é uma das principais exportadoras do agronegócio de Mato Grosso, principalmente o óleo de soja e o algodão.

Para homenagear a mulher rondonopolitana destacamos alguns nomes que marcaram presença na história de nossa cidade na última década. Assim, citamos a ex-primeira dama estadual Sra. Terezinha Maggi que se distinguiu pelas suas campanhas sociais e natalinas em prol dos mais necessitados. Lembramos também a ex e futura primeira dama municipal Sra. Ana Carla Muniz que foi deputada estadual e competente secretária da pasta da Educação no Governo Maggi.

Às mulheres que se dedicam à magistratura homenageamos na pessoa da Juíza Dra. Maria Aparecida Ribeiro que tem residência em Rondonópolis embora exerça sua profissão em Cuiabá. Às advogadas nossa homenagem se personifica na Dra. Neusa Novais da Rocha, idealizadora e coordenadora do Conselho Municipal de Entorpecentes, bem como da Pastoral da Sobriedade da Diocese de Rondonópolis , dedicada à recuperação e inserção social dos viciados em entorpecentes.

Homenageamos as escritoras e poetizas de nossa terra na pessoa da Dra. Carmelita Cury, rondonopolitana, embora residente no Rio de Janeiro e que legou importante documentação aos estudiosos da história de Rondonópolis compendiado na obra “Do Bororo ao Prodoeste”. O tributo da nossa homenagem às professoras identifica-se com as Irmãs Catequistas Franciscanas que desde 1949 dirigem o colégio “Sagrado Coração de Jesus” por cujos bancos escolares passaram muitos dos rondonopolitanos ilustres dos nossos dias.

Homenageamos as empresárias executivas nas pessoas das Sras. Fátima Regina Maia, a primeira mulher a presidir a Associação Comercial e Industrial de Rondonópolis (ACIR) e Eliana Queiroga, atual presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).

Por último o tributo da nossa homenagem vai para as jornalistas que fazem o dia a dia da notícia em nossa cidade. Na imprensa escrita destacamos a Sra. Janice Logrado de Souza que, após o trágico desaparecimento de seu marido, conduziu com os seus mesmos ideais os destinos de A Tribuna que hoje é um dos principais jornais do estado. Ainda na imprensa escrita, homenageamos todas as nossas colegas na pessoa da cronista social Amélia Stefanini. Homenageamos as radialistas personificadas em Lucimar Sisnilo. Sem esquecer as jornalistas de campo que marcam presença “em cima da notícia” o destaque vai para Izabel Torres que atua no rádio e na televisão..

E para encerrar, a homenagem à beleza da mulher rondonopolitana representada pela miss Brasil Global Jaqueline Oliveira que se sagrou miss Global Mundo em recente concurso na Turquia.

J. V. Rodrigues
(RDITORIA)

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