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quinta-feira, abril 25, 2024

Criança – a grande esquecida

É um lugar comum dizer-se que “a criança de hoje é o futuro da pátria”. É bem possível que essa verdade primária venha sendo esquecida por aqueles que postulam o voto do cidadão. A criança não vota, a criança não decide eleição: assim pensam os candidatos.
O que nos leva a essa constatação é o fato de que, em seus discursos de campanha a criança é sempre a grande esquecida.
Nesse próximo dia 12 o calendário promocional do comercio celebra o Dia da Criança. É uma data tipicamente comercial. Pela criança em si, a não ser tímidas manifestações escolares, nada se faz.
O discurso político que ocupou a mídia nos últimos 30 dias não se ouviram propostas em favor da criança. Por exemplo, não se falou de combate ao trabalho escravo infantil, não se falou de combate ao cancro da pedofilia, não se falou da prostituição infantil, não se falou do tráfico que a cada dia mais estende seus tentáculos sobre a criança.
Apenas a candidata Dilma, no início de sua campanha, fez menção ao combate ao uso do crack e à sua propagação entre as crianças envolvidas pela drogas. Falou em combate ao efeito mas não à causa, pois que esqueceu que se não houver o tráfico da cocaína, não haverá o crack. Quanto aos demais candidatos, a criança passou desapercebida.
A política do pres. Lula, vez por outra, alardeia os efeitos do “Bolsa Família” que já tirou cerca de 10 milhões de brasileiro tenham passado para a classe média que na visão oficial situa-se na faixa de 2,5 salários mínimos. Também na ótica do governo federal considerando 5 pessoas por família, 50 milhões de brasileiros saíram da miséria graças aos R$95,00 mês do Bolsa Família” que , nas palavras do pres. Lula, lhes proporciona café da manhã, almoço e jantar. È certamente uma mágica que só o presidente conhece, a menos que se repita em cada uma das residências beneficiadas o milagre da “multiplicação dos pães” . R$ 95,00 equivale a R3,16/dia, ou r$9,48 c0m 3 crianças na família. E com esse valor fazer tres refeições dia em uma família de 5 pessoas é mesmo uma mágica que o “mago do Planalto” não reverlou.
.Por conta da fome, por conta da miséria acontecem fatos degradantes, tal qual matérias frequentemente reportadas pela mídia. Refiro-me aos fatos que ocorrem às margens das rodovias que cortam esse imenso Brasil, principalmente no Nordeste onde meninas de até dez anos se prostituem por uma lata de sardinha para levar para casa alguma coisa para sua família ter o que comer. O fato, tema frequente de campanhas pela televisão, ocorre também em outras regiões, até mesmo no nosso Centro Oeste, decorrente da falta de emprego, da irresponsabilidade do poder público, embora toda a sociedade tenha também a sua parcela de culpa. E não é só a prostituição. O trabalho infantil também degenera.
Falando com conhecimento de causa, pois por lá vivi, a degenerescência infantil no Maranhão ocorre também por conta de crianças de seis, sete anos que passam o dia arriscando suas mãozinhas, quebrando coco babaçu em troca de alguns centavos para aumentar a mísera renda familiar, insuficiente para a alimentação que muitas vezes se limita apenas a um ralo mingau de farinha. Outras, ainda, ocupam-se, arriscadamente, na raspagem da mandioca para as casas – de -farinha.
O mesmo ocorre no Pará onde crianças entre oito a doze anos trabalham nos fornos das carvoarias, expondo a saúde, muitas vezes já frágil pela subnutrição, à poluição decorrente da fumaça. Outras ainda ocupam-se nas olarias ou cerâmicas, onde não raro acontecem acidentes, também pela mesma razão de levar para casa alguns trocados. A precária alimentação dessas marginalizadas famílias não raro ocorre apenas uma vez por dia.
O preço da degenerescência infantil é por demais elevado, enquanto milhões escapam do erário público, dinheiro, aliás, que sai do nosso bolso de contribuintes, e some pelo ralo da malversação de recursos, pela corrupção.. Essa degradação é responsabilidade não só dos poderes constituídos, mas também da sociedade em todos os seus segmentos, A começar por nós, jornalistas, formadores de opinião que somos, através dos meios de comunicação que temos em mãos, impõe-se a deflagração de. uma verdadeira cruzada contra o aviltamento infantil..
Não basta, uma vez por ano, participar do “Criança Esperança”, por exemplo, ou de campanhas outras similares. Impõe-se uma ação maior para salvar essas crianças de hoje que serão os homens do amanhã. Faz-se necessária a geração de empregos, faz-se necessária a escola, faz-se necessário, sobretudo, o exercício da cidadania que é dever de todos nós. E nada disso foi lembrado no discurso dos políticos que, nesse mesmo mês em que se comemora o Dia da Criança, foram consagrados nas urnas pelo nosso voto de cidadãos que temos a consciência do nosso dever de eleitores, em contrapartida aos eleitos que não têm a consciência do seu dever de gestores do poder público, pelo menos no tema do combate à degenerescência infantil.

Da Redção/J.V.Rodrigues

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