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terça-feira, abril 23, 2024

Moacir de Paula Mafra – Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Assalariados Rurais de Rondonópolis

Moacir é natural da cidade de Tanabi interior paulista, tem na sua história de liderança na instituição fatos que demonstram o seu caráter e a sua vocação para apoiar as pessoas mais carentes e desprotegidas. Viu ele muitos sonhos se realizarem através das ações do Sindicato e entidades parceiras a fim de que conseguissem ter o seu tão sonhado pedaço de terra, o seu chão para morar e plantar. Uma das lideranças pioneiras que ajudou a legalizar um dos maiores assentamentos do Estado de Mato Grosso no final da década de 1960, a famosa Gleba Rio Vermelho.
Jornal Folha Regional: Fale um pouco dos seus familiares, como foi a sua infância em Tanabi?
Moacir: Meus pais Francisco Caetano e Maria Aparecida tiveram oito filhos Conceição, Cosmo, João, Devacir, Clotilde, Moacir, José Álvaro e Maia Helena. Comecei a trabalhar na roça com sete anos de idade, todos os meus irmãos fizeram essa trajetória com o objetivo de ajudar os meus pais. Então a minha infância foi de trabalho, mas tínhamos os nossos momentos de lazer e das brincadeiras de criança.
JFR: É importante falarmos sobre um tempo que pouca gente conheceu, muitos
viveram grandes dificuldades no trabalho rural como era a situação da sua família?
Moacir: A região em que nós morávamos era muito propícia para o cultivo da terra, e nós plantávamos de tudo um pouco para a nossa subsistência. O meu pai ia para a cidade apenas duas vezes por ano, onde ele comprava querosene para as lamparinas, e aproveitava para passar nas lojas e comprava peças inteiras de tecido, um tecido rústico forte, em que minha mãe que também era costureira fazia as nossas roupas. Pouco se gastava fora do trabalho rural, tínhamos uma grande fartura e éramos muito felizes.
JFR; Como vocês lidavam com a parte econômica, ou seja, de onde vinha o dinheiro que os ajudava tanto a manter essa qualidade de vida na roça?
Moacir; Parte do que produzíamos era vendido, ou vezes trocado por outras mercadorias que não tínhamos no sítio. Era um outro momento, o dinheiro era o cruzeiro, e tinha um grande valor, as pessoas não visavam como hoje a questão econômica, o dinheiro não era tudo, e nunca foi tudo na vida dos meus familiares.
JFR: A mudança de São Paulo para o trabalho rural em Mato Grosso, como foi essa adaptação?
Moacir: O Estado Mato Grosso naquela época começava a ser muito bem falado por comerciantes, que vinham conhecer e pescar aqui. Essa boa fama de riqueza natural e muita terra fértil para ser desbravada chegou aos sítios do interior paulista. Meus pais acharam que havia chegado a hora de partir, e assim o fizeram. Nós chegamos em Rondonópolis no dia 8 de Agosto de 1968, eu estava com 18 anos de idade.
JFR: Como surgiu o seu interesse em participar da atividade sindical dos Trabalhadores Rurais de Rondonópolis?
Moacir: Quando nós chegamos em Rondonópolis fomos direto para um sítio na comunidade de Três Pontes onde meu pai havia arrendado. E como aconteceu no interior de São Paulo, eu e os meus irmãos fomos ajudar o meu pai na roça corajosamente e com muito prazer mais uma vez pegamos no cabo da enxada. Fato interessante a ser contado é que somente com a produção do café o meu pai comprou o sítio e pagou 7 milhões de cruzeiros por ano durante três anos. O tempo foi passando eu me casei com Maria Alice, e quando ela engravidou do nosso primeiro filho eu fiquei bastante preocupado, com os cuidados especiais que toda gestante precisa ter. Para facilitar eu procurei o pessoal do Sindicato na época, e me filiei, lá havia consultas médicas gratuitas e deu tudo certo. A partir dessa filiação eu me encontrei na área do trabalho sindical, onde estou até hoje.
JFR: Essa é uma parte da sua história na liderança sindical de Rondonópolis, para finalizar o que você diria hoje da Gleba Rio Vermelho e da sua experiência no setor?
Moacir: A Gleba Rio Vermelho era um dos maiores assentamentos nas décadas de 60 e 70, realmente é uma história muito longa, mas para resumir digo que hoje é com alegria que vejo o pessoal da rodovia do peixe realizando o seu trabalho, dando vez a parte turística da cidade. Foram cortados 292 lotes em 13 hectares na Rodovia do Peixe, e na parte superior da Gleba foram disponíveis 18 hectares. Estiveram nas ações de legalização de toda a área a Codemat, o Incra, o Ministério da Agricultura e o Indea. Em nome do nosso companheiro Valfrido quero agradecer a todos que nos ajudaram naquele processo, lembrando que eu sou apenas um dos incentivadores nessa questão. Muito grato pela oportunidade.

REDAÇÃO: DENIS MARES

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