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sexta-feira, abril 26, 2024

Rondonópolis pede socorro

No começo do ano abordamos, em um dos nossos editoriais a violência que assolava Rondonópolis, pondo em sobressalto a população.
À época os políticos locais, em comitiva, dirigiram-se ao Sr. Governador que, de pronto tomou providências, enviando à nossa cidade o Sr. Comandante geral da polícia militar para tomar pé da situação. Houve troca de comando na guarnição policial local, o novo comandante foi para a TV anunciar medidas, a polícia saiu às ruas.
Os bandidos, amedrontados, talvez, ou, quem sabe, até se tornarem novamente senhores da situação, deram uma trégua. A violência diminuiu, a população respirou aliviada.
Eis, porém, que em pouco tempo, o policiamento foi reduzido, a polícia retornou ao quartel, os bandidos voltaram às ruas, a sociedade novamente se amedrontou e está amedrontada.
As ocorrências policiais por conta de roubos, assaltos, assassinatos, tem tomado proporções alarmantes. Há, poucos dias, em um único fim de semana o total de registros policiais ultrapassou a casa de 30 ocorrências.
Novo comandante assumiu o policiamento, prometendo, em entrevista à TV, um tempo médio de 3 minutos para atendimento às ocorrências. No entanto, parece que o relógio do policiamento trabalha em marcha lenta, pois que esse tempo prometido, parece, não está ocorrendo. Embora diminuídos em sua intensidade os assaltos e roubos continuam acontecendo, continuam no noticiário dos meios de comunicação locais.
Há um detalhe curioso no panorama da bandidagem. Os bandidos, em considerável maioria, são “reeducandos” postos nas ruas em cumprimento de prisão no tal de regime semi-aberto. A cadeia que hoje é denominada pelo vistoso apelido de “Centro de reeducação e ressocialização”, na verdade se tornou em uma “universidade do crime”. Ao ser posto em liberdade o prisioneiro leva na mão o “canudo” de doutorado, ou mestrado em bandidagem, representado pelo alvará de soltura e vai para as ruas delinqüir, novamente, no pleno exercício de sua “nobre” profissão, em que se formou nos bancos do “Centro de reeducação e socialização”.
Há um detalhe que a muitos passa despercebido: enquanto em regime de “reeducação” a família do prisioneiro recebe um salário pago pelo poder público, ou melhor, por nós, contribuintes.
A leniência da nossa justiça, criou essa esdrúxula figura jurídica do regime semi aberto. A propósito, vale lembrar o hediondo crime ocorrido há poucas semanas em Cuiabá, onde uma criança foi barbaramente violentada e assassinada, exatamente, por um “reeducando” saído há pouco, da “Universidade do delito da Mata Grande” (leia-se “centro de reeducação”), no gozo do regime semi-aberto.
Em anos passados, muitas vezes acompanhei um dos assistentes sociais que assistia os prisioneiros do famigerado presídio do Carandirú, em S. Paulo, de triste memória, embora tenha sido um presídio tido como modelo. La dentro os sentenciados trabalhavam: havia uma alfaiataria que atendia a mais de uma fábrica de roupas de grife da capital paulista. Havia uma sapataria que confeccionava calçados para os presos, havia uma carpintaria que construía e reformava móveis escolares, havia uma padaria que produzia um pão de excelente qualidade, não só para o consumo interno quanto para fornecimento a restaurantes da cidade Havia cursos de alfabetização e cursos regulares de primeiro para os ali residentes. O prisioneiro cumpria pena integral, respeitado o limite de trinta anos para as penas maiores. Aqueles que cumpriam penas menores saiam da cadeia para a sociedade com um diploma escolar, com uma profissão.
Aquilo era reeducação e ressocialização Bem diferente das “escolas de crimes” que são as prisões dos nossos dias.
O novo comandante da policia militar prometeu medidas para conter a violência em nossa cidade, colocou a polícia nas ruas…mas descrente, o rondonopolitano pergunta: até quando? Afinal, já vimos esse filme…
Impõe-se a Rondonópolis uma verdadeira cruzada, acima de quaisquer divergências político-partidárias, com vistas a integrar toda a comunidade: políticos, associações de classe, agremiações religiosas, universidades, escolas, clubes de serviços em uma campanha por uma Rondonópolis mais humana, mais tranquila, mais sociável. J.V.Rodrigues

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