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quinta-feira, abril 18, 2024

Um pretexto no protesto

“O movimento nas ruas é maravilhoso do ponto de vista democrático. Grandes revoluções no mundo começaram com pessoas marchando firmemente pelas principais metrópoles do mundo atrás de seus direitos. Mas há de se dissociar com extrema clareza o que é direito e o que é preferência”
O senador José Medeiros (PPS) foi muito feliz nos últimos dias ao afirmar que a insatisfação popular, que motivou mais uma vez a ida de multidões às ruas, no último dia 15 de março, faz parte de um grande bloco de revolta geral contra a classe política em si, como um todo. No entanto, muita gente consegue pender isto para valorizações pessoais, vislumbrando possíveis candidaturas futuras, ou até mesmo para externar a revolta oriunda de derrotas eleitorais recentes. A presidente Dilma Rousseff efetivamente tem muito a explicar sobre a corrupção da Petrobrás, até porque como ministra da casa civil era a presidente do Conselho de Administração da maior empresa brasileira quando foi batido o martelo com o escândalo da compra da refinaria de Pasadena. Mas a onda de vozes pedindo o seu impeachment ou mesmo a intervenção militar no comando da nação, faz das ruas verdadeiros currais eleitorais sem que a democracia e o próprio país saia ganhando de alguma maneira.
A internet tem sido a grande aliada para muita coisa fluir com rapidez na atual sociedade contemporânea, contribuindo para a evolução da humanidade. Mas o poder desta tecnologia se torna contraditoriamente um retrocesso quando a rede vira um tsunami de mentiras, manipulações e muitas pessoas são aguçadas a direcionar sua raiva contra este ou aquele político, direcionadas pela oposição do dito cujo ou até mesmo marqueteiros de campanha, trabalhando fora de época. O movimento nas ruas é maravilhoso do ponto de vista democrático. Grandes revoluções no mundo começaram com pessoas marchando firmemente pelas principais metrópoles do mundo atrás de seus direitos. Mas há de se dissociar com extrema clareza o que é direito e o que é preferência. No caso da segunda, ela torna-se grande apenas quando é majoritária, como foi nas urnas, em 2014. Do contrário, a situação beira o ridículo e fica difícil distinguir quem realmente está querendo o bem do país dos que querem o bem do seu partido.
O músico Lobão, que inclusive é um dos maiores insatisfeitos com o governo petista de Dilma e já o era de Lula, disse algo bastante interessante durante a passeata de que ‘todo mundo está sendo posto no mesmo balaio’. O que o artista quis dizer é que tucanos que apoiaram o correligionário Aécio Neves (PSDB), ano passado, estão indo às ruas com a única intenção de tirar a presidente Dilma do comando e com alguma manobra impensável tomar o poder de volta para as mãos. Mesmo com uma ideia totalmente egoísta como esta, eles andam lado a lado com aqueles que não estão nem aí para o PT, PSDB ou qualquer outro partido e que querem apenas que pare a roubalheira, venha ela de onde vier e que o país seja ‘livre’. Retornando a momento anterior do texto, grandes marchas no mundo já mudaram quadros negativos, mas certamente todas as pessoas que iam às ruas tinham certeza do que queriam e acima de tudo queriam a mesma coisa. Isto, infelizmente, não está ocorrendo com a sociedade brasileira das manifestações.
Para diminuir argumentos da oposição que tenta a colocar contra a parede, Dilma Rousseff prepara uma reaproximação com o presidente americano Barack Obama, no Panamá, em abril, onde ambos estarão para uma reunião com a Cúpula das Américas. Nos bastidores, comenta-se que após o episódio de espionagem, que afastou um pouco o comando brasileiro do americano, Dilma tenta realinhar o mercado e fortalecer novamente parcerias e porque não ‘concessões’ ao poder de fogo americano para baixar o dólar e recuperar a economia. Ou então, pode ter que seguir arrochando a coisa para o lado do cidadão brasileiro, afunilando direitos trabalhistas e outras medidas impopulares que podem acabar por inviabilizar politicamente a vinda do seu sucessor.
Da Redação

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